Crônica - O cotidiano da Unic
- Cléia Suzy e Wendell Lopes
- 14 de nov. de 2017
- 3 min de leitura
Ele(*) chegou na Unic para estudar no primeiro semestre deste ano (2017). A meta é concluir o curso de Jornalismo que começou em Brasília mas o trabalho não o permitia estudar por não ter hora de sair do emprego. Fazia curso na Faculdade Icesp – no Guará II, na Grande Brasília.
Depois de um ano a procura foi incessante em achar o curso de Jornalismo. Estranhou a raridade da matéria. Mas estando no Estado do Agronegócio, contrastando a cidade política que vivia, não tinha nada que estranhar.
Enfim foi apresentado à Unic – Universidade de Cuiabá, Unidade Beira-Rio, nesta cidade. Foi radiante conhecer sua nova “escola” como insiste em chamar sua mãe, Dona Josefa.

A empolgação se tornou um profundo estranhamento ao deparar com uma Faculdade totalmente aberta ao público em geral, sem triagem, sem precisar usar um crachá, aparentemente insegura, uma terra de ninguém, mas interpretou que aquele lugar é um lugar democrático, onde todos tem acesso, independente de classe social, cor ou credo, enfim todos tem acesso, sem restrições nem discriminação.
Naturalmente achou o lugar um labirinto, afinal era sua primeira vez, em pleno Dezembro de 2016. Fazer matrícula. Ambiente tumultuado, normal em um país onde o brasileiro deixa tudo para última hora, e todos ávidos pelas férias de fim de ano.
Ele sentiu um desconforto maior em seu primeiro dia, no primeiro semestre do ano e sexto de sua caminhada. Eram muitos “meninos”, quase uma creche e não entranharia se chamasse o ambiente de escola de 2º grau devido ao expediente povoado por tanta jovialidade inclusive de seus professores. Ponto positivo, sinal que os jovens não desistiram de seus sonhos, depois de ver tanta gente desacreditada neste país de meu Deus.

Foi uma terapia voltar a sala de aula. Mas foi um pouco constrangedor sentir os olhares atravessados. Foi assim todo semestre. Aquele momento ter cabelos brancos pela primeira vez pesou. Mas a grande experiência com os professores, mesmo sendo apenas um de sua faixa etária, o tranquilizou, até porque teve também um excelente acolhimento de uma professora “adolescente” de 27 anos que muito profissionalmente foi eleita a melhor aula da semana e justamente numa sexta-feira. Grande Adriele. Mas ele nunca foi maltratado, talvez uma impressão má-interpretada por estar lindando com a geração “Y”. Uma convivência mais assídua o fez compreender que são mundos diferentes. E esses jovens apenas inovaram.
Mas nem tudo se tornaria um mar-de-rosas. O pesadelo estava por vir.... vai resolver algo na SAA, o pronto-socorro dos alunos e você descobrirá que o inferno existe geralmente na troca de semestre, mas tem de entender também que – como já citado – o brasileiro deixa para última hora e até ele aprendeu a se comportar assim, já influenciado por aquele reprovável mas tolerável comportamento, afinal toda mudança de semestre é exatamente assim. Um show inigualável de atendimento simultâneo, todos querendo ser atendidos ao mesmo tempo, pobre da Senhora das informações que teve um espasmo de choro e explicou que era uma só para tantas solicitações, espero que tenham-na entendido, ele prometeu se policiar no próximo semestre, para não chegar tão junto com os demais colegas, ávidos por informações.
Se bem que não estava salvo! Mais um grande baque estava por vir: a estreia no laboratório: não bastasse a já conhecida e traumática desorganização, para ele era o cúmulo ter de esperar um computador disponível enquanto um pré-adolescente de seus sete anos provavelmente acompanhado de um irmão–aluno assistia desenhos japoneses no Youtube.
Mas nada que o coordenador do espaço não resolvesse, após a denuncia agiu prontamente e se desculpou afirmando que são cerca de 50 máquinas e muitas vezes não tem tempo hábil de estar fiscalizando o tempo todo por exercer outras funções como informações, cadastramento, etc. Está perdoado. Ele tinha razão. Até porque ao final de suas explanações disse adorar o que fazia ali.
Pensando nisso ele resolve fazer uma terapia e dedicar os 45 minutos que antecedem a aula (seu horário de chegada na Faculdade) para fazer um tour pela Unic até que chegue sua hora. E tem descoberto coisas incríveis dos outros mundos que existem ali naquele espaço.
A Unic é uma espécie de país com muitas “tribos”.
(*) Ele é um mero personagem, estudante de jornalismo, sem nome.
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